sábado, 16 de julho de 2011

DEFINIÇÕES SOBRE DESIGN DE SUPERFÍCIE

Os termos explicitados abaixo tem a finalidade de definir e pontuar questões relativas aos termos e procedimentos do design de superfície⁄desenho de superfície, tendo três premissas que são: (i) a partir de discussões sobre terminologias e conceitos de design, realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Design de Superfície – GPDeS, (ii) bem como estudos realizados nos desdobramentos das metodologias desenvolvidas no curso de Especialização em Design para Estamparia da Universidade Federal de Santa Maria, os quais foram consolidados através das diversas pesquisas realizadas nas duas últimas décadas e em (iii) tendo como base os novos condicionamentos relativos às novas tecnologias e materiais.

O design de superfície

Segundo Mossi (2009) em seu artigo Para pensarmos o design industrial e assim O design de superfície nos diz que “O design atualmente oferece inúmeros segmentos de atuação, preocupando-se sempre com a criação de objetos funcionais, estéticos, comunicacionais e inseridos em um contexto cultural. Ao projetar um artefato, o designer está contribuindo com sua cultura material, além de oferecer às próximas gerações frações da memória cultural de um povo. Uma das atuações do designer configura-se na criação de superfícies, a qual abarca, entre outros, os setores têxtil, cerâmico e de papelaria.
As superfícies são exemplos de cultura material, pois ao ornamentar um tecido para proteger seu corpo frágil, ou a cerâmica que será utilizada em objetos utilitários do cotidiano ou para o revestimento de suas habitações, entre outros, o ser humano não apenas cria um simples artefato, mas um verdadeiro meio de informação, o qual aponta características muito particulares quanto a sociedade a que pertence. Portanto, ele nos apresenta signos que representam não só a criatividade, habilidade e tecnologia de uma civilização, mas o contexto em que opera.
No design de superfície o processo criativo/projetual ocorre da mesma forma que em qualquer outro segmento de produção de artefatos, embora o design nesse campo de atuação esteja ocupado especialmente em valorizar/ativar a superfície bidimensional. Munari (1968, p.20), lembra que “cada coisa que o olho vê tem uma estrutura de superfície própria e cada tipo de sinal, de granulosidade, de filamento, têm um significado bem claro”. Ou seja, o tipo de trama, a cor, a textura, o desenho (estampa), o tipo de corte de um objeto, conferem-lhe características que lhe são específicas e a tomada de decisão para cada uma delas é parte das ocupações do designer desse setor.
Aqui o design de superfície é entendido enquanto a atividade que consiste na concepção de desenhos, a partir de motivos individuais, naturais, geométricos e/ou de origem cultural, entre outros, sempre levando em conta as questões relativas à linguagem visual, bem como o aprimoramento formal e simbólico, para posterior confecção de superfícies que destinam-se a diversos usos, como por exemplo o vestuário e decoração.
Sendo assim, o designer de superfície necessita também ser um pesquisador que, conectado diretamente a seu contexto observa atentamente desde formas criadas pelo homem (geométricas, culturais) até as dispostas na natureza, valendo-se delas ao criar produtos originais e de impacto no mercado”.

Módulo ou (modelo) - Por ser a forma e configuração mínima do desenho e visar a sua repetição, o módulo deve conter todos os elementos visuais simétricos ou assimétricos para a sua repetição lateral e longitudinal da superfície. Podem coexistir um ou mais módulos no mesmo desenho de superfície.

Motivo - Possui relação direta com o referencial, no entanto é reduzido e focado em algum elemento visual, que pode ser natural ou abstrato.

Rapport - repetir, transportar, organizar, reorganizar. 1. Dimensão máxima do desenho (cm) medida na paralela à sua largura e do suporte a estampar permitindo a repetição correta da imagem (formas), evitando eventuais desacertos de cor e de sua configuração. 2. Submúltiplo mínimo do desenho a ser repetido (módulo simétrico ou assimétrico), sendo que os limites do desenho devem arranjar-se de forma que haja continuidade com o lado oposto. 3. Raporte- (têxtil) o menor conjunto de fios de urdume ou trama necessários para a reprodução do ligamento ou do desenho de um tecido. 4. Com relação ao processo de impressão, é o quadro ou cilindro de estampar, gravado pelo processo fotográfico (foto incisão) e contém o desenho a ser impresso que deve estar enquadrado dentro do rapport. Sua estrutura pode variar de quatro maneiras: a- por repetição integral. b- por repetição saltada na metade, tanto na largura como no comprimento da tela ou cilindro. c- por repetição saltada diferida na largura e no comprimento da tela e d- por repetição em espelho, por metades ou quartos (rapport de giro) a partir de seu eixo de simetria. 5. Repeat. (termo em inglês) A exata reprodução de uma unidade do desenho e a sua relação - lado a lado – com a distancia exata no sentido vertical e horizontal da forma original.

Rede - Suporte de malha geométrica (não é visto) que dá continuidade do modelo e possibilita várias soluções de rebatimento de um ou mais elementos iguais na criação do desenho. A rede é utilizada em desenhos de simetria (bilateral, translacionais, rotacionais). Geralmente são os elementos pequenos que necessitam de uma rede de geometria exata. As malhas ou redes mais conhecidas são: tijolo, quadrada, retângulo e losango. Assim, podem-se estabelecer módulos geométricos planos, combinando com linhas perpendiculares, paralelas, obliquas e curvas. Os módulos podem preencher ou não todos os espaços da rede.

Referencial - O referencial está diretamente ligado a proposta a ser desenvolvida e a criatividade do designer, visando à produção manual, semi-industrial ou industrial de seu produto de superfície. O referencial é abrangente requerendo uma pré-investigação teórica ou coleta de dados, e pode ser de cunho individual, natural, cultural ou abstrato.



REFERÊNCIAS

AQUISTAPASSE, Lusa Rosângela Lopes. Cultura Material: a estamparia têxtil como fator de inovação no comércio de tecidos de lã. Dissertação de mestrado. Santa Maria. Programa de Pós Graduação - PPGEP, 2001.


AZEVEDO, Wilton. O que é design?. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.


BAXTER, Mike. Projeto de Produto. 2ª ed. São Paulo: Editora Blücher, 2000.


BASIACO, Silvestre. Reflexões sobre o decorativo. Santa Maria. Revista do Centro de Artes e Letras. UFSM, 1982.


BOMFIM, Gustavo Amarante. Metodologia para desenvolvimento de projetos. João Pessoa, Editora Universitária,1995.


BONSIEPE, Gui et al. Metodologia experimental: desenho industrial. Brasília: CNPq/Coordenação Editorial, 1984.


BONSIEPE, Gui. A Tecnologia da Tecnologia. São Paulo: Edgard Blücher. 1983


CASTILHO, Kathia; MARTINS, Marcelo. Discursos da Moda: semiótica, design e corpo. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2005.


CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras Editora, 2006.


CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. , Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro: José Olimpio, 1988.


DORFLES, Gillo. O Design Industrial e a sua Estética. 3ª ed. Lisboa: Presença, 1991.


FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. [S.I.]: Nova Fronteira: 1999.


GOMES, Luis Vidal Negreiros. Criatividade Projeto < Desenho > Produto. Santa Maria: sCHDs,2001.


GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. São Paulo: Escrituras Editora, 2000.


JONES, Sue Jenkyn. Fashion design-manual do estilista. São Paulo: Cosac & Naify,2005.


LÖBACH, B. -Desenho Industrial - base para configuração dos produtos industriais - São Paulo, Edgar Blücher, 2000.


MUNARI, Bruno. Das coisas nascem Coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1998.


SANTOS, Marinês Ribeiro dos. Design: arte e tecnologia. http://www.geocitiescom /a_fonte_ 2000/design2.htm.


STOREY, Joyce. Textile Printing. Londres: Thames and Hudson, 1974.

WEYL, Hermann. Simetria. São Paulo: Edusp, 1997.

WAJCHENBERG, Moysés I. Beneficiamentos têxteis. 1,2v. 1ed. São Paulo:1977.

WONG ,Wucius. Princípios de Forma e Desenho. São Paulo: Martins Fontes, 1998.




Nenhum comentário: